Vizinhos

É uma pena não podermos escolher os vizinhos que temos. Seria tudo tão mais fácil... Ou não.

Quase toda a minha vida vivi num bairro em Lisboa que se assemelhava a uma aldeia. Toda a gente se conhecia, todos me tratavam pelo nome pois conheciam-me desde pequenina. Era muito bom, embora tivesse o lado negativo da cuscuvelhices. Todos falavam da vida de todos, tudo se sabia.

Agora que vivo numa zona diferente e vivo num prédio com mais vizinhos, estranho imenso. Não conheço ninguém, a não ser os meus vizinhos da frente que são muito simpáticos mas que têm um gato que vai fazer as suas necessidades junto às minhas queridas flores.

As poucas vezes em que vejo os meus vizinhos são no elevador e onde me cumprimentam com um bom dia ou boa tarde arrancado a ferros. Moro numa zona aparentemente mais nobre, teoricamente com pessoas com uma educação superior. Mas na verdade o que têm demonstrado até aqui não tem nada a ver com isso. Nota-se que são pessoas com um bom nível de vida mas de educação têm muito pouco. Devem ter tido a papinha toda feita quando moravam em casa dos pais. Devem estar habituados a não fazer nenhum. Só isso justifica a falta de civismo que têm, quando se põem a martelar às 11 da noite, ou a incapacidade para andar uns metros e levar o lixo para a reciclagem, entupindo o lixo das coisas mais inacreditáveis: roupa nova de bebé, pedras decorativas de tamanho considerável, garrafas de vidro, vasos com plantas, etc. Assim como as arrecadações. Não satisfeitos com o espaço que lhes foi destinado, ainda são capazes de deixar os seus pertences durante meses, junto ao lugar de estacionamento ou à porta da sua arrecadação. E as garagens parecem a feira da ladra.

Já para não falar mas beatas, bocados de comida e alguns objectos que são lançados para o meu terraço. Qualquer dia passo-me dos carretos e mando um recadinho para as várias caixas do correio e faço uma exposição com os vários objectos qe já cairam no meu terraço e ninguém reclamou.

Beijinhos e abraços. Até já!