terça-feira, 12 de julho de 2016

Ó Pátria sente-se a (tua) voz


Fotos de Alexandra Sousa


Nunca vivi momentos como os de ontem. Lisboa, Portugal, portugueses estavam ao rubro. Não fui das pessoas que se acotovelaram para ver a selecção, mas vi o avião a chegar escoltado pelos caças e bastou-me passar na segunda circular, sair à rua e andar de metro para viver a loucura contagiante em forma de orgulho nacional.
Os carros apitavam, as pessoas acenavam umas às outras, sorriam, gritavam, cantavam, as ruas estavam cheias de gente, de miúdos a graúdos, a alegria era contagiante. Emocionante!
Dei por mim a reflectir que afinal o futebol é muito mais do que 22 miúdos crescidos a jogarem à bola. Como disse ontem o Presidente da República, esta vitória fez muito pelos portugueses (os de cá e os que estão lá fora), no sentido de confiarem mais no seu país. A Selecção Nacional de Futebol restitui-nos o orgulho na pátria e de repente tudo mudou. 
Da vergonha e da piroseira em mostrarmos a bandeira, passámos à moda de usar o verde e o vermelho (juntos). Bandeiras em género "capa de super-herói" ou vestido, chapéus, camisolas, tops, calções, fitas no cabelo, tudo se viu. Afinal o que era piroso deixou de ser e o que estava guardado no armário saiu à rua.
Os que não acreditavam no desempenho da Selecção, os que não confiavam nas decisões do Fernando Santos, engoliram os seus negativismos e permitiram-se enfim festejar. Afinal não somos os coitadinhos da Europa. Afinal somos os melhores. Pelo menos no futebol. 
Que isto nos sirva de lição. Que abandonemos o espírito Calimero que há em nós. Que passamos a confiar mais no nosso país e a sentir orgulho em sermos portugueses. Nisto temos muito a aprender com os emigrantes, que nos deram uma grande lição, no sentido de amarmos o que é nosso. 
Portugal não é menos que outros países. É só diferente. Noutros países há coisas melhores, há sim senhor. Mas nós também temos coisas melhores que os outros. Temos um clima fantástico, temos cidades, paisagens, lugares, história, gastronomia, música, que dá para colocar outros países em sentido. Temos atletas campeões em várias modalidades, temos cientistas a serem reconhecidos em vários campos, investigadores na área da saúde, actores fantásticos, alunos a ganharem competições de matemática. 
Não sei é como é que com um país tão fantástico, somos tão fracos no que toca a termos políticos como deve de ser. Acho que só nos falta isso para sermos um país perfeito. Mas como nada é perfeito, vamos celebrar o que temos que é muito. E vamos dizer sem pudor que somos portugueses. E que o nosso país é fabuloso (até os turistas sabem). E dentro de dias vamos torcer pelos nossos atletas nos jogos olímpicos. Porque eles, orgulhosamente ostentam a nossa linda bandeira e fazem com que muitas vezes se oiça o hino mais bonito do mundo!
Ontem e anteontem foram dias felizes, únicos. A pátria fez sentir a sua voz. E espero que daqui para a frente, venham dias mais felizes para Portugal! 

2 comentários:

  1. É verdade.
    Fez-nos bem. Uma coisa que não devia ter tanto peso, acaba por reunir tanta força.
    E visto como somos ordeiros, respeitadores e celebramos uma felicidade, de certa forma, até de forma comedida? Outros lugares existem em que a euforia endoidece... ou embebede-se.

    Não que cá não tenha existido mas no geral, somos mesmo um pouco de brandos costumes. Mesmo na festa. Até os portugueses em frança, não foram ostensivos na sua celebração. Embora estejam contentes, nos dias seguintes tinham os franceses com um grande melão... Não somos de rir na cara deles, apenas de fazer humor saudável e satírico. Sabemos respeitar. Isso é admirável e cada vez mais único.

    Foi bonito ver regressar as cores da bandeira, ostentadas com orgulho e sem embaraço. Muito boa observação esta tua.

    Quanto aos emigrantes... Ouvi uma vez uma frase que achei tão interessante: os melhores vão embora. Quando a crise aperta, em particular. São os motivados, os ambiciosos que abandonam o país. E assim este fica mais pobre.

    Embora seja um conceito questionável.
    Não tanto questionável é o facto de se ter de sair de onde se está para aprender a dar valor a certas coisas. Sabemos que temos um bom clima, excelente gastronomia, boa segurança no que respeita ao crime e também alguns costumes saudáveis. Mas usufruir em pleno disso, só mesmo nos afastando. É natural que quem está longe saiba valorizar o que não está mais à mão.

    Espero que esta alegria optimista não esbata muito cedo e dure.

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