O mundo virou-se de pernas para o ar. Um inimigo invisível, mas muito poderoso deu conta de tudo, inclusive da capacidade de raciocínio da maioria das pessoas. A sua estratégia de publicidade e comunicação é tão avassaladora que consegue ofuscar e tornar quase invisíveis problemas bem mais graves.
Pequenas reflexões e constatações soltas:
- Testam-se mais pessoas para saber se têm a doença Covid 19, do que se fazem rastreios para outras doenças mais graves e mortíferas;
- Há pessoas a precisarem de consultas médicas de várias especialidades e não conseguem ser assistidas porque os recursos estão todos virados para a Covid 19;
- A noção do tempo a passar mudou muito este ano. Ao mesmo tempo que parece que o tempo passou a voar, a normalidade que tínhamos na nossa vida parece que foi há muito tempo. E as estações do ano passaram por nós sem ser como o costume;
- As crianças e os jovens vão ter graves problemas futuros de socialização e ninguém parece pensar nisto;
- Os cotovelos, tão subestimados, conheceram agora outras funções. Passaram a ser usados para cumprimentar e para abrir portas e chamar elevadores;
- Passámos a ter semáforos à entrada das praias;
- Quando ouvimos um espirro, é estranho dizermos "saúde";
- Quando uma pessoa tosse, é olhada de lado;
- A falta de civismo aumentou. Há máscaras no chão em todo o lado e cada um pensa mais no seu umbigo;
- Há negócios a falir e outros a florescer: quem vende máscaras, acrílicos, desinfectantes, bolsas para guardar máscaras, tocas e batas descartáveis, sistemas/programas de comunicação online úteis para teletrabalho, entre outras coisas, está seguramente a enriquecer;
- Temos medo de abraços;
- Deixámos de ser livres;
- Muitas pessoas ficaram a conhecer melhor o seu país;
- Muitos países (talvez a maioria) são governados por loucos;
- As pessoas internadas (tal como as que estão em lares) não podem receber visitas e isso é profundamente desumano;
- Não gosto da expressão "novo normal" quando tudo me parece uma anormalidade;
- Apesar de tudo gosto de estar em teletrabalho;
- Grande parte das vezes, nos transportes públicos não é possível o distanciamento social;
- O futuro sempre foi incerto, mas agora isso está mais presente na cabeça das pessoas;
- Já não sei quantas vezes ouvi "éramos felizes e não sabíamos". Mas é importante tentarmos ser e encontrar a felicidade em pequenos momentos, porque senão entramos todos em depressão;
- O medo limita-nos os movimentos e tolda-nos o pensamento.
Foto de Alexandra Sousa |
Maldito vírus. E, tarde será, quando - se é que vamos conseguir - nos veremos livres dele.
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Cumprimentos poéticos
Acho que esse momento ainda está longe.
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